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Historiadoras/es e o trabalho de campo

Atualizado: 6 de out. de 2020


Historiadoras, historiadores e o trabalho de campo
Parque Nacional Pumalín, Chile. Foto: Carolina Capanema, 2017.


"É sempre um gosto para quem investiga o passado deixar de vez em vez a mansuetude dos arquivos para dar largas ao espírito em pequenos giros pelo interior da nossa terra.


Não que o recinto venerando dos códices e dos alfarrábios tenha essa qualquer coisa de opressiva (...) onde as vozes dos vivos como que se calam para ressoarem apenas as dos mortos; atmosfera abafada, cheia de silêncio misterioso, que dá ganas à gente abrir as janelas para ver entrar o ruído, o movimento, a vida. Mas, para bem discernir e julgar os fatos que investiga precisa muitas vezes o pesquisador sair, viajar, ir conhecer os sítios e lugares que serviram de teatro aos acontecimentos.


As impressões que vamos recolhendo pelo caminho ao contemplarmos de longe em longe um vilarejo decaído [sic], uma capelinha rústica branquejando no cimo da colina, um velho casarão do tempo do ouro ou do café, adormecido no fundo da esplanada, a tradição ouvida aqui e ali sobre episódios inéditos, sobre pessoas e costumes desta ou daquela região – tudo isso constitui para o turista do pensamento um mundo novo de emoções. São testemunhas mudas, vestígios e referências de um tempo que não vimos e não vivemos, mas que dizem tudo, porque nos fazem sentir e evocar páginas esquecidas, capítulos apagados, mas palpitantes (...) No travamento de relações com essas coisas, aparentemente inexpressivas para o vulgo, vamos, não raro e quase sempre, encontrar também explicação e informes preciosos para muitas passagens obscuras ou desencontradas daquilo que lemos e mal deletreamos nos apógrafos carcomidos e empoeirados dos arquivos".


O trecho é de um livro antigo, do estudioso da história do Brasil, Salomão de Vasconcelos, mas coloca uma questão importante para o trabalho de pesquisa. Não apenas na área de história ambiental, em que se torna quase uma obrigação, mas em todos os domínios da história.

Enquanto o afastamento social não nos permite fazer investigações em campo, sonhemos...

 

Fonte:


VASCONCELOS, Salomão de. Solares e vultos do passado. Belo Horizonte: Livraria Nicolai, [1920?]


 

Como citar este texto:


CAPANEMA, Carolina M. Historiadoras/es e o trabalho de campo . Em Tudo Vejo Natureza, Viçosa. 2020. Disponível em: <https://emtudovejonatureza.wixsite.com/inicio/post/historiadoras-es-e-o-trabalho-de-campo>. Acesso em: [Data de acesso].


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