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Vestígios do passado e impactos da mineração

Atualizado: 4 de dez. de 2020


Aqueduto conhecido como "bicame de pedra". Catas Altas, MG. Foto: Herbert Pardini, 2014.
Aqueduto conhecido como "bicame de pedra" (século XVIII). Catas Altas, MG. Foto: Herbert Pardini, 2014.

Ao andar pela região central de Minas, especialmente por antigos sítios mineradores, é possível identificar inúmeros vestígios da atividade de mineração realizada no século XVIII.


Há canais construídos para a condução de água, grandes cavas em antigos terrenos explorados, montanhas “cortadas”, rios remexidos, restos de cascalhos amontoados em leitos e margens de cursos d´água, galerias subterrâneas, reservatórios para contenção de água, entre tantos outros resquícios materiais.


Estes vestígios e a leitura das narrativas de viajantes estrangeiros que passaram por Minas Gerais no início do século XIX, destacando enfaticamente a paisagem “desoladora” deixada pela mineração, me fizeram questionar como teria sido a relação das populações dos centros mineradores com o mundo físico e as outras espécies animais e vegetais que viviam ali.

Entre cavas e montanhas cortadas. Morro de Mata Cavalos, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.
Entre cavas e montanhas cortadas. Morro de Mata Cavalos, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.
As pessoas reconheciam os impactos que a atividade causava? Se sim, de que forma estes impactos interferiam em suas vidas cotidianas? Como agiam frente a eles? Teriam adotado alguma medida para minimizá-los?
Reservatório de alvenaria. Morro de Santana, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.
Reservatório de alvenaria. Morro de Santana, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.

As pesquisas em arquivos, artigos e livros me mostraram que a sociedade setecentista elaborou uma interpretação própria das relações que estabeleceu com o meio biofísico no âmbito da mineração. Em meio às questões práticas que envolviam a exploração do ouro, discutiram seus impactos, propuseram medidas para minimizá-los e também para regular os usos de água e madeira pela atividade. Mas, principalmente, lançaram mão de representações sobre a mineração e a natureza para defender interesses políticos, sociais e econômicos, como, por exemplo, a manutenção dos privilégios das elites na exploração do ouro e dos insumos naturais necessários para sua realização.


Minas subterrâneas (mina vertical). Morro de Santana, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.
Minas subterrâneas (mina vertical). Morro de Santana, Mariana/MG. Foto: Carolina Capanema, 2010.
 

As reflexões deste texto foram originalmente publicadas em:


CAPANEMA, Carolina Marotta. A natureza política das Minas: mineração, meio ambiente e sociedade no século XVIII. 1. ed. Belo Horizonte: Letramento, 2019.


 

Como citar este texto:


CAPANEMA, Carolina M. Vestígios do passado e impactos da mineração. Viçosa. 2020. Disponível em: https://emtudovejonatureza.wixsite.com/inicio/post/vestigios-do-passado-e-impactos-da-mineracao. Acesso em: [Data de acesso].


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